Às quinze horas do dia sete de outubro de dois mil e vinte, os servidores do DF reuniram-se, sob a presidência do Professor Claudio Antunes de Siqueira, Chefe do DF, por meio do sistema de videoconferência RNP, para a sexta reunião extraordinária da assembleia do Departamento de Física (DF), contando com a presença dos professores efetivos Allbens Atman Picardi Faria, Anderson Fabian Ferreira Higino, Diego Cézar Monteiro de Mendonça, Eduardo Célio Boaventura, Francisco Pazzini Couto, Humberto Alencar de Paiva, Ivo de Jesus Ramos, Leonardo Gabriel Diniz, Leonardo dos Santos Lima, Marcelo Valadares de Magalhães Pereira, Marcos Paulo Pontes Fonseca, Mauro Lúcio Lobão Iannini, Renato Pontone Júnior, Rogério Helvídio Lopes Rosa, Sidney Nicodemos da Silva, Thiago Gomes de Mattos, Wanderley dos Santos Roberto, e Weber Hanry Morais e Feu, além do professor contratado, Orlando Abreu Gomes, totalizando 20 presentes na abertura dos trabalhos. A verificação inicial constatou a presença de dezenove professores efetivos, sendo que o mínimo para o quórum é de doze professores efetivos. Em seguida, o presidente da assembleia apresentou a seguinte proposta de pauta: 1 – Justificativas de ausências; 2 – Discussão sobre o Ensino Remoto Emergencial; 3 – Informes da Chefia e dos membros do DF. A seguir, iniciou-se a reunião. 1º item – Justificativas da ausência. Cinco professores não estavam presentes no início da reunião e não haviam apresentado justificativa de ausência. Não houve então o que votar neste item. 2º item – Discussão sobre o Ensino Remoto Emergencial. A pedido da Diretoria do Campus NG, os professores do DF reuniram-se em assembleia extraordinária para resumir e apresentar suas impressões sobre o Ensino Remoto Emergencial (ERE). Os professores apresentaram suas impressões e sugestões por ordem de inscrição. A seguir, os comentários e sugestões sobre a experiência no ERE vivida até o momento pelos professores: Inicialmente foi dito que o número de disciplinas permitido aos alunos se matricularem deveria ser revisto, pois os mesmos não estão dando conta das atividades devido ao excesso de disciplinas e também à forma de avaliação adotada pelos professores, que consiste na elaboração de trabalhos pelos alunos, já que as provas convencionais não são possíveis. Foi informado que, em reunião anterior do Fórum de Coordenadores do Ensino Técnico, surgiram também reclamações quanto ao excesso de atividades (especialmente na Física) e também excesso de plataformas. O mesmo professor também citou que aconteceram casos de manutenção no SIGAA em pleno horário de aula e que isto deveria ser evitado. Foram notadas muitas semelhanças entre o ERE do Ensino Técnico e o da Graduação, mas não foram boas as impressões. Há uma grande apatia dos alunos durante as aulas. A não obrigatoriedade da frequência gera distorções, como, por exemplo, o pedido de que o professor comunique a presença de alunos infrequentes. Mas como saber se o aluno está ou não assistindo aos vídeos das aulas gravadas? A avaliação não existe mais, pois não há sigilo e o aproveitamento é sempre perto de 100%. O ERE é cansativo tanto para os alunos como para os professores. A baixa frequência dos alunos nas aulas do ERE preocupa. A semana de avaliação do ERE está sendo a “semana de elogios” ao ERE. Deveríamos nos preocupar em fazer o nosso trabalho e deixar os elogios, se forem merecidos, para depois. Estamos tendo perda de conteúdo. Como ficarão as disciplinas que dependerão desse conteúdo? Foi dito também que faltou investimento por parte da instituição no suporte técnico aos professores e em plataformas melhores, já que só estamos contando com versões gratuitas, onde os melhores recursos são pagos. Foi dito também que o ERE é diferente de ensino a distância e que o CEFET não está preparado para nenhum dos dois. Na transmissão ao vivo do dia anterior, foi dito que faltava ao CEFET uma coordenação pedagógica efetiva e que a prova disso é que o ensino médio nunca teve em Belo horizonte um Conselho de Classe e que era inaceitável trabalhar no ensino básico e não conhecer os professores que atuam nas mesmas turmas. Outra evidência da falta de coordenação foi essa parada surpreendente e não programada no meio do semestre. Foi comentado que parece que na graduação a situação é muito mais séria que a do Técnico. É muito problemático formar profissionais sem uma avaliação efetiva e uma coordenação pedagógica adequada. Quanto ao Técnico, não dá para controlar frequência nem as atividades feitas pelos alunos em casa. Mas não há o que fazer no momento. Um professor disse que já verificou que alguns alunos se conectam na sala de aula, mas provavelmente não assistem às aulas, pois não saem depois que a aula termina. Um dos professores apresentou um longo relato, manifestando uma sensação de incômodo e desânimo com a condução institucional do ERE, pelo esforço redobrado necessário para realizar um trabalho consistente, frente às agruras impostas pela implantação autoritária do regime foi, mais do que pelas dificuldades naturais da situação. Por exemplo, na implementação das atividades avaliativas de suas disciplinas, ele mencionou os imprevistos e as decepções colhidos ao ouvir o “canto de sereia” da sugestão de uso de múltiplas plataformas, as quais verificou, na sequência, não funcionarem a contento sem licenças pagas sequer mencionadas pelos colegas que conduziram lives e outras atividades de “capacitação”. Em uma dessas, sobre a ressignifcação da avaliação (14/08/2020), o professor relata que sua pergunta sobre o acesso efetivo dos estudantes aos recursos indicados ficou sem resposta, submetida à mera promessa de redirecionamento. Em relação à “crítica” quanto à sobrecarga de atividades dos alunos, manifestada no dia anterior ao da assembleia e supostamente dirigida à ação dos docentes, o professor ponderou sobre que, pelo menos no tocante à graduação, a abordagem da questão somente é honesta se for ponderada com a consideração da ampla margem de créditos autorizados aos alunos nesse novo contexto. O professor comentou, ainda, ter vivenciado uma situação especialmente difícil quando propôs uma atividade avaliativa baseada em performance em vídeo. A resistência encontrada foi tamanha que, diante da sua firmeza em manter a atividade, um(a) estudante de umas das turmas levou uma reclamação à comissão do ERE do Campus NG. No longo texto de resposta que se viu obrigado a escrever, à custa de um tempo que já não é suficiente para o básico, o professor pondera sobre a lamentável constatação de que quase nada que é afirmado na reclamação tem lastro na realidade dos fatos. Esse tipo de ocorrência revela, a seu juízo, um cenário desanimador, marcado pelo contraste entre uma atenção paternalista aos alunos e um tratamento com mão-de-ferro dos professores, submetidos a cobranças demasiadas e recebendo quase nenhum apoio. Nessa mesma situação, o professor relatou perceber que a comunicação institucional também não ajuda na adequada orientação dos alunos: pelo inferido na situação em tela, eles pareceram acreditar demasiadamente, por exemplo, numa interpretação conveniente da afirmação de que poderiam assistir às aulas apenas como “ouvintes” (contida na página de perguntas e respostas da DIRGRAD), ficando com a expectativa de que isso constituísse um direito, garantido pela normativa, em vez de uma diretriz voltada a estimular uma prática pedagógica inclusiva. O professor afirma que lhe custou muito trabalho e gerou muita tensão o esforço de esclarecer os estudantes sobre que a exigência de uma performance em vídeo não violava nenhum direito garantido a eles pela normativa institucional. Apenas a muito custo é que foi possível contornar a situação e negociar uma solução viável para todas as partes. O professor afirmou não se sentir confortável para conduzir uma disciplina acadêmica e comprometer-se com seus resultados se não vir condições de realizar um trabalho sério, decente, digno. Diante da forma como o ERE vem sendo conduzido, esse professor vê ampliar-se o risco de um cenário institucional de relações abusivas entre dirigentes e docentes, dada a ampliação do volume de trabalho, em condições que tendem ao intolerável, nas quais o contraste entre o excesso de cobranças e a falta de apoio poderá redundar, inclusive, na caracterização de situações de assédio moral. Face a esse tratamento desrespeitoso, e mesmo desleal, que a instituição vem impondo a seus servidores, o docente considera difícil encontrar o que elogiar na experiência do ERE. Prosseguindo, foi questionada as normas do ERE com relação à frequência. Pelas normas, o professor deveria comunicar ao coordenador quais são os alunos infrequentes. Se ele o faz, o aluno pode alegar que está assistindo os vídeos das aulas. Quanto ao excesso de atividades, seguramente ocorre devido à grande quantidade de créditos que os alunos estão fazendo. Foi dito também que é preocupante a não obrigatoriedade de se dar todo o conteúdo. Isso poderá gerar problemas nas disciplinas seguintes devido à falta de base que os alunos terão. Um professor questionou se no ERE os alunos estão ou não fazendo uma disciplina? Se estão, o que é fazer uma disciplina no ERE? Porque a estrutura tradicional de uma disciplina foi mantida no ERE? Não houve uma preocupação em criar um sistema de avaliação minimamente consistente. A instituição deixou de lado essa discussão. Devemos levantar os problemas do ERE e questionar a direção de maneira formal. Os professores mencionaram que trabalham de 5 a 6 horas para produzir 50 minutos de conteúdo, mas tudo que se cobra dos alunos é muito. O número de créditos permitido tornou impossível a cobrança e muitos alunos viram na situação atual a oportunidade de avançarem mais no curso sem muito esforço. Seria importante o DF tomar uma posição única e o departamento agir de acordo com o que for determinado. O Prof. Claudio esclareceu que devido à dificuldade e à complexidade da questão, tal documento só poderia ser elaborado após a redação desta ata. Um professor alertou que a limitação nas ações dos professores poderia levar à ocorrência de processos de assédio moral contra a instituição. Foi feita uma proposta de que o DF deveria se posicionar contra o ERE na forma como está. Um professor questionou se estamos formando buscadores de informação na internet ou alunos com conhecimento? Baseado nas discussões, foi apresentada por um professor a seguinte proposta de encaminhamento: Por tudo que foi apresentado pelos colegas, o DF é contrário a continuação do ERE no formato que está sem uma ampla discussão das alterações necessárias para o próximo período, principalmente em relação ao sistema de avaliação. Colocada em votação a proposta foi aprovada com 18 votos a favor, 2 abstenções e um voto contra. 3º Item – Informes da Chefia e dos membros do DF. O Prof. Renato informou sobre a retomada da monitoria para o Técnico e o Prof. Claudio Informou que as eleições para as chefias e coordenações ocorrerão de forma remota em dezembro e que as posses serão nas datas previstas. Nada mais havendo a registrar, eu, Prof. Claudio Antunes de Siqueira, lavrei a presente ata, a qual, depois de lida e aprovada, será assinada por mim e pelos demais presentes. Belo Horizonte, sete de outubro de dois mil e vinte.
